30 de outubro de 2012

Sombras...


A noite chega de mansinho despedindo-se do dia, matando os últimos raios de alegria dourados para dar espaço aos sussurros e uivos da escuridão da noite, penumbra enfeitadas de estrelas reluzentes, num luar de excepção... adormece-te e esquece-te da vida, do real, do mundo, dos risos em siso, viaja nos lencois da imaginação, encanto esperado noite após noite... voa mente insana pelas estradas nuas dos sonhos, onde um colorido pássaro fugidio largou a esperança do amanhã... sorri que nas entranhas da alma não há limites para sonhar, ser e sentir! A efémera efervescência da inquietude do corpo, que clama pela tardia companhia, enche os vazios de promessas, linhas mal traçadas em ilusões desenhadas pelas pontas dos dedos, descobre-se a si mesmo, faz vibrar as cordas dos desejos contidos e nus. Soltam-se as amarras da noite... levita a alma, que perambula descalça e solitária pelos portais do coração saudoso, dobrando esquinas, deixando no rasto as pegadas da sombra do ontem... percorre sozinha essas alamedas verdejantes e coloridas da primavera de outrora e volta renascida enlaçada pelo sangue quente que lhe percorre as veias adormecidas... fecho os olhos, e sigo nua de mim, de tudo que o que me faz e refaz, e que largo noite após noite como uma pele de cobra... volto à vida de manhã, onde a alma se volta a esconder da luz do dia...