25 de setembro de 2011

Pedaços partidos...

Quando o coração se parte em pedaços de vidro espalhados pelo chão da vida, encolho-me no canto imaginário da minha estrada solitária, onde te guardo entre os destroços varridos debaixo do tapete do passado, aquele que ainda pulsa cá dentro, aquele que me faz sorrir os olhos, aquele que ainda me lança o coração às lágrimas do desespero... percorro todos os compartimentos escondidos em busca das sombras dos teus beijos meigos, carícias do tamanho do mundo, das sensações que languidamente me afloram aos lábios nesta sede de te amar eternamente... toco-me na alma, com balões de algodão doce, que se desfazem ao abrir de cada porta, vazias de ti... fecho os olhos, e sinto-me em ti, nesta ânsia de recuperar cada segundo que se consumiu ao som do rodar silencioso dos ponteiros do relógio, tornado passado em cada esquina vivida. E o vento canta uma canção de embalar no meu rosto, e desenha-me beijos de paixão no corpo, num sabor único jamais sentido. E onde está o poder de reconhecer o presente quando ele se faz presente único na vida? Onde está?... Apenas o eco me responde... Os olhos, a boca, o corpo, a mente esvaziam-se de palavras... E até o universo se cala em silêncios conspirados de folia e êxtase, de matizes coloridos pelo reencontro das almas... esse ancestral encontro marcado no infinito dos tempos, jamais alcançado em uma única reencarnação, em uma só existência de aprendizagens, e etéreos encontros.  E nas mãos carrego a tinta com que escrevo linhas de amor, paixão, sedução... as que me brotam do mais fundo eu, pescadas com linhas de seda e iscos de magia. E um dia a alma sente que todos os pedaços se colam, o coração bate (des)compassado e tudo faz sentido, todos as peças do puzzle se encaixam numa perfeição sonhada, esperada... e o corpo pede, a alma implora, o corpo morre de fome das queimaduras desse calor sentido, nesta fugaz existência de (des)encontros... actos consecutivos representados numa só peça teatral...


18 de setembro de 2011

Confesso-me a ti!

Saudade...  E como se impede a alma de sentir!?... Não devia existir, nunca! Devia ser proibido! Para não se sentir este aperto no peito que parece estraçalhar o coração, encher a alma dum vazio sem fim, que não é meu, nem é de ninguém, esta dor fina que se aloja bem lá no fundo, sem tamanho nem medida de tanto que parece que vai explodir, enchendo cada canto, cada centímetro de pele, como uma doença que se alastra lentamente, desde a mente que se eleva ao passado, e que teimosamente lá quer permanecer por mais que tente faze-la voltar, até ao mortal corpo que se ressente em tremores. Esse frio incendiário que vai subindo corpo acima invadindo sem permissão cada curva, cada dobra numa convulsão que se agiganta e termina num amargo de boca, num nó na garganta, que prende até a fala, não deixando lugar nem para um suspiro de silêncio, terminando num eco surdo dentro do coração, e fazendo doer. Tenta-se encontrar incansavelmente uma distracção mas todos os caminhos parecem desembocar no mesmo lugar, esse buraco sem paredes, nem direita nem esquerda, esse lugar onde poucos têm permissão para entrar, e que depois tantas vezes não os queremos deixar sair. Ah! Dor ladra da alma! Deixa-me voltar! E pede-se à alma, ave, pássaro desobediente que volte, que bata em retirada dessa batalha ingrata de deixar de sentir, para não mais ouvir essa melodia triste que ecoa na alma, e humedece o olhar quando num piscar de olhos se viaja até ao passado. Mais que um querer, é uma imposição irreal este implorar da razão ao espírito para regressar da nostalgia de uma saudade dorida de tocar levemente um rosto, sentir a força de uma outra energia misturada à nossa, o carinho de um gesto, o cheiro sentido de outro alguém, a troca de um beijo demorado... simplesmente olhar nos olhos e sentir que de alguma forma o vazio está acompanhado por dentro, neste silêncio surdo de carência...

12 de setembro de 2011

As injustiças que me amargam a boca!


Das injustiças que o mundo comete e não se lembra! A vida é simples e o ser humano transforma-a numa selva, do salve-se quem puder, melhor, dos que são resistentes o suficiente para conseguirem aguentar com o embate inócuo e indiferente das embarcações vizinhas que se encostam lentamente prontas a derrubar-nos. A vida é frágil, tão frágil que se parte ao meio num estalar dedos, e num segundo passamos de bestiais a bestas, como se fossemos lixo, jogados numa sarjeta como um trapo velho que já não serve para nada. A vida, dura, exige que estejamos sempre em alerta, que sejamos sempre perfeitos, uma perfeição utópica que apenas existe na cabeça de quem exige, porque ela não existe na realidade. O ser humano, é muito mais que isso, mas o mundo, as pessoas que o povoam, perderam a humanidade há muito, no resgate solitário do ser de cada um. O individualismo ganhou raízes para ficar! A frieza com que nos deparamos diariamente exige que sejamos assim, de carapaça dura, resistente a todas as intempéries, venham elas de onde vierem, e não podemos parar, nunca. Quem pára, perde a próxima viagem, como se a vida não pudesse ser saboreada em escassos segundos de felicidade sonhada. Ou num outro extremo, é atropelado violentamente e tem de fazer um esforço redobrado para voltar a levantar-se. Valerá a pena, dar tudo por tudo pelos outros, dar o que muitas vezes nem temos para dar, dar o que vai além do esforço humano?!... E um dia, haverá recompensa?!... E trará felicidade verdadeira?!... Fica na consciência (será que a têm?!...) dos que julgam os outros, sem dó nem piedade, e colocam mais espinhos na vida, do que a rosa tinha no início. O que me leva a pensar que cada segundo que passa tem de ser sugado até ao tutano, com a maior satisfação possivel!...