24 de novembro de 2011

Dançando(-me) entre os dedos...


Fecho os olhos da mente por um instante, escorrego na impulsividade do momento, na incerteza ditada pela intuição, regras do jogo alteradas, em movimentos (in)certos, carregados de emoção, saltos no tempo, em lufadas de ar, excessos de espaços por (d)escrever neste traçado risonho que se desenha de forma alucinada numa travessia louca de desejos, anseios, expectativas, esperanças... constante viragem do tabuleiro, e agora? Segue-se sempre em frente, contornando pontes por riscar, atravessando obstáculos escondidos debaixo de um qualquer alçapão com restos mortais enterrados, já empedrenidos pelo tempo, onde as teias de aranha abundam, e o ar a mofo se faz sentir. Ah, rodo o chave mais uma vez, e uma infinidade de portas se encontram na minha frente... apetece-me olha-las uma por uma, para me perder numa delas apenas. Marco cada passo na memória, calculo os passos dados em falso, desfaço o que um dia foi construido, e volto ao incio do jogo. Rodopio sobre mim de olhos fechados... e no momento em que paro, escolho uma porta ao acaso. E o próximo passo... conjugo o verbo no presente, sem olhar para trás! Sem rede de protecção, sem entrelaçar as linhas do futuro com o passado, desfazendo um novelo ainda por enrolar... é o engolir do abismo de uma só vez!

15 de novembro de 2011

Uma fracção de segundo...

Quanto vale uma fracção de segundo? Nada, ou quase tudo... Quanto vale? Uma palavra, um abraço, um beijo, um sorriso, um olá, uma gracejo, uma gargalhada, um toque, um olhar, um silêncio... tudo, ou quase nada. Nunca pensamos quando agimos na impetuosidade dos dias que rolam estrada abaixo, e no entanto, tentamos racionalizar tudo o que nos passa pela frente, medir em graus, intensidades, uma infinidade de pesos e medidas que nada valem, e não cabem em lado nenhum. Num segundo se pode nascer, gritar ao mundo estou aqui, cheguei... como no segundo seguinte o silêncio nos cala a voz, grita surdamente que afinal já não estamos aqui, já não somos, e por momentos a vida não vale absolutamente nada, é apenas uma fracção de segundo entre duas virgulas, entre dois espaços em branco que se escrevem e ficam gravados na eternidade do passado, da memória dos que cá ficam. Será o mesmo que dizer, num segundo tudo pode começar, como pode acabar da mesma forma, como uma fumaça que se evapora no ar, impossível de ser agarrada... A ânsia de viver parece engolir tudo e todos nesta corrida desenfreada que é contarmos os minutos no ponteiro do relógio, quando o bip do ponteiro vermelho circula sempre sem parar, ou serão as batidas cardíacas que compassadamente batem, numa atroz embuscada do tempo, aquele que apenas existe na nossa imaginação, ao alcance de ninguém... Quanto valem as pingas grossas que brotam do céu e me lavam o rosto? Ninguém sabe responder!... Ou talvez não sejam precisas explicações para os jogos que o emaranhado dos dias nos coloca na nossa frente, é viver apenas e só, somente existir, somente ser... E não vale jogar às escondidas com o destino, ele encontra-nos sempre!

2 de novembro de 2011

Cruzamentos eternos!

Vivemos num mundo em que não se fala tudo o que sente, nem se sente tudo o que se fala. A vida é cheia de cruzamentos mais ou menos longos entre os seres que vão passando pela nossa estrada. Tem pessoas que simplesmente nos são tão indiferentes que nem nos lembramos que um dia atravessaram uma das nossas passadeiras. Outras há que lembramos pela negativa dos confrontos que travamos com elas, em disputas, que neste momento futuro já nem fazem sentido. E depois há um grupo que sentimos uma empatia de imediato, sem sabermos muito bem porquê, mas sentimos que algo nos liga, que algo fora da nossa compreensão racional nos encaminhou para aquele cruzamento. E dentro desse grupo, ainda há os que são passageiros ambulantes, como que saltimbancos de rua, que parecem pular de ramo em ramo, sem se fixarem em relação alguma, mas que guardamos com carinho a sua leve passagem. Mas há os que nos marcam para sempre, aqueles que a história deixou gravados em letras em relevo, e que por mais anos que passem jamais serão esquecidos, e tantas vezes, uma imagem, uma música, um som, um reflexo nos transportam no tempo; e muitas vezes fazem parte da nossa existência por longos anos, outras vezes não. De qualquer forma, dos mais ou menos importantes que se cruzam connosco, a nossa alma transforma-se pelo acréscimo de conhecimentos que trocamos, partilhamos, nos damos ou não a conhecer. E seja, que espécie de sentimento que algum dia tenha sentido, foi sentido sempre na sua plenitude, ao seu máximo, porque só assim, faz sentido, tem razão de existir. E hoje, muito mais que ontem, correndo o risco de me repetir, digo tantas vezes quantas me apetece que gosto de determinada pessoa, que a sua companhia é agradável, e que sinto falta da sua presença. Porque ninguém tem poder de adivinhação, e neste mundo cada vez mais consumista, as palavras, os sentimentos parecem estar em desuso, tudo parece plástico como numa casa de fast food, e para mim, as pessoas, os sentimentos ainda são à moda antiga, nem são de consumo e fabricação rápidos. Quando amo (aqui generalizo todas as formas de amor), amo com toda a alma, para que fique gravado para toda a eternidade. E posso considerar-me felizarda por ter tantas pessoas especiais que fazem parte da minha vida. E por cada pessoa que acrescento na minha vida, sinto-me um pouco mais rica, e isso faz-me nascer sorrisos no rosto. Deixo aqui um gosto de ti muito especial para todos os que me lêm por aqui e que gentilmente me comentam, dentro desses os que falam comigo apenas virtualmente, sem nunca os ter olhado de frente, e os que para além disso me conhecem na vida real. E seria hipócrita se dissesse que não gosto de receber retribuição do que dou em amizade, porque todos nós damos o que esperamos também receber.