10 de dezembro de 2011

Intervalos...

Navego por entre as pingas da chuva, fria, mansa... que me cobre o corpo, deleite da alma ansiosa, saudosa de um dia de sol, esticada numa qualquer praia de areia branca e fina, entrelaçada entre o mar e o céu azul, onde se juntam as gotas de água e me banho de emoções... estendo as mãos aos céus e peço... quebro o encanto da chuva que me banha o corpo, e engulo sem freio os arrepios de pele que a mente me provoca... e no ar fica a saudade pairante de uma praia perdida no fundo do mar, onde a água era tão límpida... que se podia atravessar para o outro lado apenas com o olhar... esfinge que renasce, num canto da aurora, envergonhada, tímida... que carrega consigo um misto de ilusão e realidade, baila-me entre os dedos, como esperanças lançadas em esteiras férteis de searas por plantar... volta, sol, que fazes brilhar o meu mundo!... Rodopio entre o ar que me acorrenta e a beleza que me rasga a pele como espinhos cravados numa ferida, num desvairo puro de uma dança ao luar... movimentos de sombras que se entrelaçam e encaixam como peças soltas de um puzzle por terminar... mergulho enfim, nesse mar derradeiro das coisas perdidas, baú de sentimentos (in)esperados que me surpreendem a cada instante, seduzem-me o olhar, perdido no horizonte, na tentativa de alcançar-me... toco-me(te) e canto à lua uma canção de embalar, olhando o céu estrelado, o mesmo que do outro lado do mundo assistes ao cair de uma cadente estrela brilhante, que na sua cauda leva o destino que ficou de portas entreabertas, esperando o futuro voltar... e de mochila às costas vou-me, passeando entre os intervalos das pingas grossas que o céu derrama em cima do mundo, fazendo brotar a vida que da terra nasce, em direcção aos desejos (in)finitos desse presente, que me aconchega as mãos, e me envolve a alma, doce como mel, que se degusta lentamente na boca...

5 de dezembro de 2011

Esboços de mim...


É nas esquinas da vida que ela mais dança para mim, sempre numa tangente desconhecida como um fantasma desconhecido que cruza os dias sem nome, aqueles que são de todos e são de ninguém. Traço planos, sonhos realidades, faço contagens do infinito, onde rolam as intermináveis nuvens que encobrem o sol. Do alto da montanha, avisto-me além, onde um dia tudo aconteceu, onde um dia o vento levou partes de mim, perdidos na memória, encerrados no cárcere que um dia construi. Vendo sonhos, palavras desenhados nos dedos da imaginação, pinto telas e cenários, com cores dobradas em sorrisos e lágrimas. Será a chuva mais bela que o sol? Fecho os olhos, e deixo os cheiros do presente invadiram o espaço vazio do meu salão de festas, os jardins encantados que circundam a planicie do meu corpo. Correm os gritos, em busca da alegria escondida num qualquer canto onde os pássaros multicolores fizeram os ninhos. Ah, e os silêncios que abraçam as horas que demoram a chegar, tardam em dar-me a mão, para balançar comigo na roda gigante. Fujam, o vento vai correr com todos! Ali, no cima do monte, as lágrimas fogem de mim, o eco deixou de me responder, e o leve pestanejar da escuridão diz-me: - olá, posso fazer-te companhia? Poque não, a luz abandona-me tantas vezes, que o por-do-sol tem necessidade de dar lugar ao luar, mas com estrelas, que na fábulas o mundo é encantado, e vivem lá as fadas, os anões, as princesas... e os cavaleiros andantes, que salvam princesas de tranças compridas. Ah, é uma festa em grande! Onde correm todos atrás de todos, sem nunca se conseguirem apanhar... tapo os olhos, e conto até cem, vamos jogar às escondidas!?... e não vale fazer batota!...