3 de abril de 2012

Danças...


Danças... entre paredes cor de rosa, entre o negro da noite e o azul celeste. Pairas sobre o sonho onde tocas levemente com as pontas dos dedos, onde o veneno te chama, te atenta, aquele que sempre resistes, mas que acabas por sucumbir aos encantos fatais, onde te deitas e rebolas de prazer. São rosas, são rosas... onde os espinhos picam a carne lacerada de sangue, da tortura indecente do querer, do que tocas, sabendo que não será teu. Pedaços de vida, que valem a dança, de pés trocados, encanto desmedido e assobiado pelo vento, no sussurro da noite, numa ínfima e triste melodia, onde o riso apenas tem lugar nas lágrimas que fogem aos olhares indiscretos. Carregas no colo o desejo infinito de dar, na esperança de ser maior que a carência sentida no fundo da alma, procuras em cada rosto, em cada frase, em cada silêncio, em cada esquina da vida, os rostos que já passaram e que fazem de ti ser único na esfera translúcida da imortalidade, onde te dás a oportunidade de ser apenas um só. És, no espelho que reflecte as cicatrizes, os sulcos da vida... as marcas profundas deixadas espalhadas aos quatros ventos, onde danças ao sabor de um tufão de ilusões, de sonhos, de desejos, de queres... maiores que a raiz de que és feito. Rosto cristalino da verdade, enterrado entre os ossos frontais da ambição de ser maior, escondido por trás da capa gélida e árida, que de escudo serve aos embates das tempestades... Protecção à chama solvente que derrete o interior em chamas, carregadas de puro deleite no que tocas, no que desejas, no que possuis, no que te dás... a ser, naquele exacto momento de energia derramada no universo, mergulho em carne viva!

1 de abril de 2012

Rindo devoro o mundo...

Atroz atracção... fugaz como o vento que passa e me amacia as mãos, arrepiando-me o peito. Louco como a vontade sôfrega de engolir o desejo de luxúria que me invade o corpo no cio. Languidamente despojada de preconceitos faço amor com as horas tardias que me engolem o desejo, em espasmos certeiros arrancados de dentro da barriga, como uma cobra enrolada no fundo da alma. Encosto-me na árvore da vida e suspiro mais alto que o grito do lobo no cimo de uma montanha ao luar... certeiro (en)canto que me atinge o coração, qual flecha do cupido lançada e quebrada em mil pedaços... folgo ao lamber as feridas deixadas, e uma vez mais, subo a escadaria do desejo, escondido, arrumado no fundo da gaveta da volúpia. Ah! Olho-te de frente e no olhar o tesão sentido no prazer desflorado no alvor da estrada, em cada passo dado, em cada beijo entregue pela língua provocante, sequiosa e gulosa pelo entrançar de cheiros e sabores de menta, e chocolate. Cravo as unhas na carne, rasgo profundo cravado na pele, e sinto o orgasmo que me percorre da espinha à medula, deixando-me sem sentidos... os que me fazem suspirar por ti, aqueles que me inflamam de imagens (ir)reais a mente faminta de cruzar o oceano dos sonhos. A noite já vai longa, e consumida pela fantasia daquele toque suave, que me invade o corpo, sem pedir licença, como morador residente, senhor de cada espaço palmilhado pela ponta dos dedos... daquele roçar de lábios que urgentemente se unem sem vontade de se largarem. E nas palmas das mãos a união dos dedos que me levam a conhecer o mundo!... Aquele espaço perdido no tempo, no escasso segundo trocado entre um olhar demorado...