14 de dezembro de 2012

Foi (as)sim!

Foi sem chão, sem tecto, sem amarras, sem lugar ou espaço que do desconhecido surgiste, quase um meio segredo, quase uma meia verdade. E foi aos poucos nascendo a vontade de te destapar a alma, pura, escondida bem lá no fundo, onde se guardam tesouros, que se oferecem a poucos. As noites perambulam nuas de si e cheias de armadilhas, e tu vagueias no meio da imensidão do negro manto estrelado, como um vulto esguio nas sombras da lua. Soberana, rainha da noite, que ilumina a solidão que circula entre o frio de inverno e as árvores despidas. Foi assim... no meio do nada que se cristalizou o sentimento profundo que me acalenta a alma só. Trazes nas mãos o cheiro do sexo satisfeito, o apelo ao renascer de novo de cada vez que o mundo se apaga entre as tuas mãos, de cada vez que o mundo sente o fervor de energia libertada em segundos perfeitos de pura magia. Caminho e sinto... os arrepios na pele da brisa gélida que me rodeia, misturados com o calor do fogo que me incendeia o olhar, me queima as entranhas numa descoberta lenta de te ser. Foi liberdade renascida! E de cada vez se solta mais um grilhão do passado embrulhado em pó, amarrotado pelo tempo, e arrumado nas prateleiras cimeiras, onde não se chega todos as dias, nem deseja chegar, onde se faz silêncio e jazem os fantasmas empoeirados. Reza a história, era mais um capítulo acabado, concluído, e virado de página, onde as letras ganharam vida ao sabor das emoções que governaram e comandaram o destino daqueles dias. Foi assim! Onde do sangue quente se extraiu mais um veneno tragado em goladas gulosas de quem deseja engolir a vida de uma só vez. Caminhas novamente... em busca de mais uma paragem, no tempo, no espaço, sem chão e sem amarras, num abandono total à profundidade de te amar sempre mais...