8 de novembro de 2014

Momentos meus...

Dos momentos sem nome... em que me atravessas a mente, em que te possuo sem autorização, em que te ordeno que me fodas, sem piedade, mas com jeitinho na alma. Em que as minhas mãos me elevam  aos céus, onde danças junto a mim. Ai, esses momentos em que suspiro, em que transpiro o teu nome, em que grito orgasmos pela boca, em que morro pela ponta dos meus dedos e te faço nascer dentro do meu peito. Em que deixo de ser tão forte, em que baixo as guardas, em que sou apenas eu sem limites, cheia de vontades incontroláveis, em que me deixo conduzir pelo desejo, pela fome que tenho de ti. Guardo-te as palavras, os sons, a calma com que me falas, e uso-a nessas horas, em que sozinha me faço acompanhada de ti. Em que te faço sorrir! Em que te sou mais do que aquilo que imaginas, aquilo que dizes que não queres, o que ignoras pelo sofrido do teu passado. Mexes-me com as entranhas de uma forma que não consigo controlar, mesmo controlando tudo o que falo. Mas nessas horas não há impedimentos da alma, da voz, do passado... que me impeçam de deixar a temperatura subir, de sorrir depois de me encharcar em suor e fluidos, sentindo-te mentalmente dentro de mim. Morres[me] nas mãos... e eu renasço a cada vez que o fazes!

Desconhecido...

Um olhar trocado, chama incendiada, distância reduzida. Ele não tirou os olhos dela, ela não tirou os olhos dele. Caminharam em direcção um ao outro. Suspiravam, ansiavam sentir o cheiro um do outro. E a distância encurtava progressivamente. E o coração batia cada vez mais forte, a ansiedade envenenava o sangue nas veias, aumentava o desejo de se sentirem pele um do outro, carne com carne, volúpias misturadas, suores partilhados, tudo passava diante dos seus olhos em cada passo que marcava a aproximação. Estacaram a poucos centímetros um do outro. Fixavam o olhar, desenhavam com os dedos os próximos movimentos do pensamento. Queriam-se, disso tinham a certeza. As dúvidas tinham ficado no passado estacionado a alguns metros atrás. Sentiam a respiração a aumentar a cada segundo que se tocavam meigamente. As mãos percorreram as curvas do rosto, delineando o caminho onde os beijos iriam passar, lentamente, provocando descargas de adrenalina e aumentando o ritmo com que se queriam engolir um ao outro. Deixavam-se arrastar pelos sentidos. Abandonavam-se um no outro como apenas um corpo em movimento, eram um do outro nos beijos, nos toques mais ou menos requintados, mais ou menos intensos dos dedos que exploravam concavidades no corpo, com que entravam um no outro até se fundirem em gemidos, suores, lágrimas de prazer que brotavam de todos os poros das suas peles. Foram ali naquele metro quadrado de espaço, numa rua qualquer, foram desconhecidos abraçados pelo abismo de morrerem um no outro, levitando no gosto sacudido do orgasmo que lhes lavrou os corpos em segundos. Foram… e deixaram de ser desconhecidos!

No silêncio!

No silêncio temos a real noção de quem somos, do que nos falta, do que nos estraçalha por dentro, do que nos envolve a emoção e nos faz rir ou chorar. No silêncio somos arrastados pelos fantasmas que teimam em nos largar, pelos risos que já sentimos, pelas tristezas que já nos circularam nas veias. No silêncio andamos e damos mais um passo à frente na nossa corrida contra o tempo. No silêncio vemos-nos mais além, num passo apressado ou ligeiramente lento na busca do prazer, daquilo que verdadeiramente nos faz vibrar, e sorrir a alma. No silêncio carcomemos a alma cansada, mas feliz pelo êxtase imaginado. No silêncio fechamos os olhos e sentimos o sol de verão a bater no rosto, sorrimos pelo facto de estarmos vivos, e ainda respirarmos. É no silêncio que nos damos conta que existem palavras que nos engolem por inteiro, e outras que nos devolvem ao mundo, mesmo quando pensamos estar mortas. No silêncio ouve-se a melhor música de encantar... no silêncio adormece-se a alma sem pudor de sentir!