16 de maio de 2012

Assalto ao pensamento...

Às vezes... os momentos perdem-se embrenhados nas memórias, nos traços infinitos dos segredos guardados dentro da alma. Outras vezes, parecem gritar-me de dentro do peito, querendo fugir para lugares ainda por explorar, saídos das profundezas dos desejos quentes que me percorrem e fervilham nas veias, enchendo o ar de mensagens indecifráveis pelos alheios olhares que me circundam. Percorrem-me a pele como arrepios provocados pela tua língua, pelo sabor do teu gosto misturado no meu, numa lânguida mistura de emoções. Saudades... de ti, de mim... num frenesim alucinado de te querer ter só para mim, engolir os segundos em que a intensidade falou pelo olhar profundo com que nos líamos um ao outro, sem pestanejar, em que os dedos percorriam os centímetros de pele suada como caminhos conhecidos de outras eras. Avalanches de beijos em cascatas desenhadas nos corpos cansados, paixão arrebatada de um momento com cheiro de primavera e arrepios de frios... solta-se a imaginação, enlaça-se a alma em rendilhados intensos de saudades que se desvanecem na ponta dos dedos, aqueles que percorreram sem limite o corpo que foi meu, e se entregou sem receio ao meu cuidado... esse que me fez perder o juízo e esquecer que a vida são dois dias, e não adianta correr para trás que o tempo não volta. Mas hoje, longe desse dia, desse cruzar de pernas... onde o sol iluminou o ar e aqueceu as almas, inflamadas pelo toque, pela luxúria, pelo apelo de se abandonarem uma à outra sem contar os minutos que o ponteiro do relógio faz questão de nos lembrar ao rodar os ponteiros... hoje, fecho os olhos, e sinto-te tão perto, como se o cheiro teu me inundasse o ar que respiro, como se o calor do sol intensificasse a tua presença, e quase pudesse ouvir a tua voz suave nos meus ouvidos, fazendo-me render nas tuas mãos, que sabiamente me despiram a alma, juntamente com as peças de roupa que me desnudavas do corpo... e foi, intenso, no sentir... intenso, nas marcas gravadas nas palmas das mãos com que me toco todos os dias, e sinto a tua falta... essa, que se evade tempestivamente pelos poros da minha pele, ansiosa pelos beijos, pela pele nua de corpos colados, perdidos numa libertinagem imprudente... e se desvanece com o abrir dos meus olhos e o encerrar do pensamento no toque tremulo dos sentimentos perdidos dentro do peito...