2 de julho de 2011

Amar depois de amar-te...


Poderia camuflar as palavras de várias tonalidades, mas o cinza é suficiente. Porque quando se ama até à exaustão, até ao limite de se desejar apenas e só aquele corpo, num avassalador contorcer da alma, que se encarcera em si mesma, transformando-se em prisioneira das paredes de um amor que julga ser até que a morte nos separa, que pensa que pode viver apenas daquele sentimento que tudo circunda e circunscreve. Um belo dia tropeça-se num pedregulho colocado à nossa frente, e quando nos levantamos jamais somos o que um dia fomos, para nós, e principalmente o que fomos em relação ao outro. E nos contrastes do que se lê, em que o normal é ler, e ouvir lamentos femininos de que já não são amadas, eu sou um contra-senso, sou eu que já não amo, sou eu que fiquei desprovida desse sentimento que um dia me revirou o mundo do avesso, que um dia me fazia cometer as maiores loucuras, as maiores omissões para estar com aquela pessoa, que julgava eu seria para toda uma vida, mas assim, não é. E neste caso, ao espanto de todos, é ele que se vê no definhar dos dias, consumido numa dor à qual eu sou alheia, e quase insensível. Haverá explicação para se sentir amor por alguém? De certo, tantos já teorizaram, mas ninguém explica como acontece. E o contrário, deixar de sentir, haverá explicação? O que acontece com os sentimentos que morrem, aqueles que um dia se olha para dentro e já não estão lá, aqueles que um dia faziam da vida uma razão de ser, e afinal, o vazio alcança muito mais do que pensávamos, e nos torna salas amplas de um nada que não se deseja sentir, onde até as lágrimas já não fazem sentido. E na mente rolam pensamentos de que mais de que sentir não se deseja provocar dor em mais ninguém. E quando se olha e apenas existimos nós, solitários numa caminhada atroz da sobrevivência, como se não pertencemos à vida, ao mundo… E será que resta mais alguma coisa cá dentro que volte a renascer para dar um sentido maior a uma alma faminta por sentir? Dizem-me o tempo cura tudo, esperando sempre que sim, caminha-se em direcção ao fim, ao pó do qual nascemos, e que um dia retornaremos...

10 comentários:

Marcela disse...

Essa é uma pergunta que me corrói - deixar de sentir amor por algúem tem explicação?
Mas o importante é encontrar uma forma de viver esse amor com equilíbrio porque nunca teremos garantias de que ele está "seguro" e precisamos sobreviver caso ele venha a se extinguir...
Bjos

Pedro Miguel disse...

E concordo com ela em muitas coisas que diz.

Gostei do teu desabafo, do texto em si. Das ideias, das maneiras de pensar. Quando se acaba uma relação o difícil é seguir em frente. Mas depois de começar é também difícil de parar.

Moi disse...

Marcela,
A verdade é que nem sempre é fácil gerenciar as coisas como desejamos, e os sentimentos são dificeis de segurar.

Beijos de continuação de bom fim de semana

:)

Moi disse...

O título deste desabafo é de um livro da Fátima, um livro que espelha a realidade sem eufemismos.

Quanto ao meu texto, apenas olhei para dentro, para algo que estou a passar e o resto é deixar fluir...

Agradecida pela visita!

Manuel disse...

Adorei a sua visita e as lindas palavras que me deixou.
Gostei muito do seu Blogue, os seus escritos me fascinaram e isso é motivo para eu voltar muitas vezes.

Moi disse...

Agradecida pelas palavras aos meus textos.
Aporta estará sempre aberta.

rui disse...

Parabens..pelo fundo da pagina
pelo excelente texto que aqui colocas-te (mas isso já me habituei)
Tudo que fazes é de qualidade...
queria te agradecer tambem as tuas visitas...e mesmo sem conseguires ver os meus olhos...eles brilharam de alegria...na parte que me chamas de amigo...senti que o fizes-te de coracao...espero nao te desiludir mesmo virtualmente...(desejava me despedir de Ti escrevendo o teu nome mas como isso é impossivel...... te chamo de boa Amiga..
Te desejo tudo bom...hoje amanha e sempre... que consigas brilhar na tua vida da mesma forma que brilhas nos teus blogs....
Um beijo..cheio de amizade
Rui

Moi disse...

Rui,
É sempre um prazer receber a tua visita em qualquer um dos meus blogs, faço-os com tudo o que tenho de mais belo dentro de mim.

Tudo de bom também para ti!
Beijocas :)

Ela disse...

"E o que acontece com os sentimentos que morrem?" Não posso acreditar q eles possam morrer, se em algum momento eram eles o viver , o permanecer... Não posso acreditar...

Lindas palavras. Parabéns pelo blog.,

Moi disse...

Elsa,
Por experiência própria, e embora nunca tenha pensado que pudesse ser possivel, a verdade é que morrem...

Obrigado pelo elogio

:)