29 de março de 2013

(Sub)missão...

Era já tarde, a luz do sol abandonara a terra, deixando apenas as sombras no seu rasto. Eles, passeavam como desconhecidos pelas ruas anónimas da vida, estacionando num qualquer parque perdido do mundo, esqueceram-se qual o sentido do norte, para onde caminhavam, apenas sentiam que caminhavam, ambos para um mesmo final, aquele onde as almas morrem de desejo e não mais voltam a ser o que tinham sido antes. O olhar cruzado, enquanto as palavras que saiam da boca nada diziam do se passava nas suas mentes, num hipnotismo de se sentirem atraídos para outros cenários, onde a perdição se fazia sentir no aroma que emanava das curvas solitárias, ansiosas de sentirem as mãos que levemente se tocavam em cima da mesa. As pernas, essas estavam adormecidas, ainda não se tinham encontrado, nem se detinham em entrelaces magistrais como acontecera nos sonhos vividos de olhos fechados.... sim, levantaram, e foram, foram sem saber muito bem se os minutos chegariam para provar o gosto de um orgasmo derretido pelo toque dos dedos, pelo beijo incendiado nas profundezas de cada vez que a distância se estreitava e esbarrava nos corpos que estranhamente se queriam.  E timidamente o beijo levou-os a querer mais que apenas uma despedida, um até breve... as mãos rodearam o pescoço e desejaram que o mundo parasse, que os relógios imortalizassem as horas, numa entrega sem precedentes e excepções contadas pelos dias anteriores. As bocas, essas levianas, imbuídas do veneno que lhes escorria nas veias, não se conseguiram mais largar depois que se tragaram como um vinho de sabor frutado degustado em pequenos goles acompanhando aperitivos lascívos servidos pelas línguas exploradoras...  as mãos, essas comandavam as palavras proferidas ao ouvido quebrando as derradeiras resistências ainda por vencer.E numa missão infrutífera lutou contra si mesma, numa batalha de se esquecer que o mundo ainda pulsava fora do seu corpo feito de carne, mas os segundos foram engolidos pelo prazer que se assumiu perante todos sem vergonha de se despir das vestes inúteis do pudor. Perdeu-se nele, perdeu-se de si própria, não queria mais voltar para onde tinha ido... onde ecoavam os sons do prazer sentido. E era chegado o momento, aquele em que não mais havia para dizer, apenas que a viagem tinha chegado ao fim, e era ali que iria morrer ao sucumbir na humidade crescente que inundava os dedos atrevidos que arrebitavam os seios sedentos de serem tocados. Foi a submissão ao prazer, ao som destilado pelos gemidos sentidos que colocou o fim no encontro deles...

7 comentários:

opusdesiderium disse...

Há momentos impossíveis de recuo…mesmo quando algo nos diz, que por ali não é o caminho, traçado para o futuro...

1Beijo do Tal
GGT

Moi disse...

Opus,
Há momentos que precisam ser vividos apenas e só... mas sabendo que não serão mais nada do que apenas momentos.









Beijo enorme em ti
GGT

KIм ΑИISŦØИ disse...

Ah! momentos são momentos e nada mais...o melhor mesmo é fazer de nossos momentos os nossos melhores momentos de amor...Moi vc.escreve maravilhosamente bem.

Moi disse...

Kim,
Muito obrigado pelo elogio!
Há momentos que simplesmente gosto de os imortalizar na memória... eternos na pele, demasiado intensos para não se viverem simplesmente...








Beijo

Anónimo disse...

"Boa noite... Menina!"

Como é bom chegar.. e encontrar-te assim.. extasiante!

rui disse...

Bom dia Moi.. vim deixar aqui a minha marca de amizade... e dizer que tudo continua Bonito aqui.. os textos sao fantasticos...cheios de sentimentos e de muito Amor... por tudo de Bonito que ofereces aos teus seguidores...espero que nao pares de escrever... e Agora vou embora..tem um bom domingo e tudo de bom sempre para Ti..muitas felicidades... fica com um beijo meu...
(e como vês mesmo virtual os amigos nunca se esquecem... xau

Penélope disse...

Viver cada instante e sorver de cada instante o necessário para as lembranças mais sublimes já nos basta... Um grande abraço!!
Sempre é muito bom voltar aqui!!!