27 de maio de 2011

Em jeito de reflexão...


A vida corre rarefeita do ar que respiro, das cenas que presencio e ouço falar, ou leio nos jornais, e penso em que mundo vivemos nós? Os valores antigos já não existem mais, o ser humano deixou de ter respeito por si próprio, sim porque desrespeitar os outros é o mesmo que estar a desrespeitar-se a si próprio O ser humano deixou de olhar o seu semelhante como um igual, tornou-se um mundo selvagem, pior que os animais que reajem por instinto o ser humano devora-se, e ganha quem tiver mais força, não fisica mas interior, porque aos fracos não lhes é permitida a voz. Assiste-se à descrença total na humanidade, à falta de confiança, porque o ser humano hoje engana, esconde, omite, rouba, agride, massacra, viola, mata... e tudo isto começa de uma forma precoce, e da forma mais cruel possivel. É o fim dos resto dos valores humanos quando tanto se fala nos direitos dos mesmos, mas afinal onde estão esses direitos? Como se chega aqui, a este estado mórbido de principios necessários à sobrevivência da espécie? Onde cada um puxa a corda para seu lado, ao invés de se lutar por algo melhor em conjunto, destrói-se o restinho que ainda persiste em alguns cantos do globo. O ser humano mostra-se cansado das atrocidades que os outros seres humanos praticam, mas na hora em que assiste às mesmas não é capaz de fazer absolutamente nada para evitar, ou sequer travar um acto de malvadez pura, o crime circula cada vez mais livre pelas ruas deste mundo, o egoísmo puro invade e trespassa os corações, sem forma de retorno, assiste-se a uma crescente de humanos traumatizados de todas as formas e feitios. Pergunto, liberalizaram o crime? Entristece-me acima de tudo olhar para um mundo de onde um dia deixarei de existir, e que será uma má herança para a geração futura. Geração essa que não está a assimilar o que tentamos transmitir com algum esforço, parece apenas captar a informação negativa e nefasta (que em demasia também faz mal) que provém do resto do mundo. Numa era em que a tecnologia impera, em que tudo é quase permitido, em que a liberdade já se encontra invadida de insegurança pública, o uso impróprio da mesma leva ao disvirtualismo do crescimento do ser humano desde tenra idade. É empobrecedor para a humanidade chegar ao ponto de se praticarem actos criminosos que ainda não foram sequer enquadrados legalmente. Onde vamos parar? Quando é que se acorda de vez da insensatez? Às vezes penso, que devo ser uma espécie de ET por pensar em tanta coisa que me desgosta, que desaprovo, e que na hora que presencio o digo sem medo de ser condenada. Tem de haver forma de se travar a continuidade da impunidade, e se cada um de nós fizer um pouco, talvez ainda se consiga alguma coisa por este globo tão rico, mas pobre ao mesmo tempo...

24 de maio de 2011

Há coisas que não entendo...


Porquê que as pessoas continuam a viver no passado, e mais no presente dos outros, e insistem em serem o que já não são na vida das pessoas. É tão difícil assim virar a página da vida... as pessoas buscam sempre a felicidade nos sítios errados, não está na casa do vizinho que comprou casa nova, e só por isso, e porque ele sorri a toda a hora, vou comprar também, nem nas férias que não posso pagar, mas pago a prestações só para dizer que sou chique. Quando é que as pessoas deixam de viver de aparências? Quando é que se aceitam acima de tudo e seguem a sua vidinha quando um determinado ciclo acabou? Quando é que deixam de se prender em mesquinharias? A vida são dois dias, e como costumo dizer um já passou, e se não correr, o outro também passa, e no futuro apenas vão ficar as lamentações de não o ter vivido. Há momentos, pessoas que nos caiem aos trambolhões pela vida dentro, e tantas vezes sem nos conhecerem bem nos arrancam sorrisos do rosto, e nos dão momentos preciosos que não voltam a repetir-se, há que aproveita-los bem quando isso acontece, em todas as áreas da vida, seja pessoal, profissional, ou outra qualquer. Não adianta andar a pensar num passado que já lá vai e não move mais o moinho que um dia moveu, nem traz de volta as emoções, que por mais maravilhosas que tenham sido, já não se voltam a sentir, para isso, resta a saudade, mas convém não nos perdermos nela. Embora, certas viagens ao passado, às vezes, até saibam bem. Fazem parte de alguém que já não somos nós, porque na época detínhamos menos conhecimentos e sobre nós mesmos, sabíamos menos sobre as nossas próprias emoções, e tínhamos uma reacção diferente do que aquela que teríamos hoje perante uma situação semelhante. O que está feito, está feito! Agora é seguir em frente. E é frustrante quando tentamos seguir em frente, e alguém que já consideramos passado ainda nos ronda como um predador. Fui eu que fiquei moderna! Desde quando ser feliz é ser moderna? Porra, cresce e aparece, como diz o outro. É como lutar numa guerra que já não é nossa. Em que já não queremos nem ganhar nem perder. Simplesmente já não faz sentido continuar naquele caminho…

20 de maio de 2011

A verdade acima de tudo...


Acredito que cá se fazem, cá se pagam, e por mais voltas que o destino dê acabamos por pagar por tudo o que às vezes dizemos sem pensar, ou até mesmo fazemos sem intenção de magoar alguém. E não importa se o pecado foi grande ou pequeno, importa que determinadas convicções que mantemos, ou teimamos em manter agarradas à alma, nos prendem a uma realidade utópica, que muitas vezes se revela falsa no seu gosto e traçado. E todos temos os nossos defeitos e virtudes, e por mais que queiramos somos escravos dos seus desejos, senão vejamos um homem (a situação pode ser invertida) que mesmo nunca pensando em ferir os sentimentos dos outros deambula por aí “experimentando” todas as mulheres que lhe aparecem pela frente na tentativa de encontrar uma que seja compatível, encanta e encanta-se de cada vez que encontra alguém, e por mais fugaz que possa ser o sentimento que faz nascer no outro, ou em si próprio, torna-se um escravo do desejo, e lá virá um dia que sendo ele o ganhador de afectos, passe a ser a vítima de alguém, igualmente escravo do desejo, e sofre na pele, o que andou a fazer às outras durante longo tempo, mesmo que tenha sido na melhor das intenções, e sem intenção de pisar no sentimento alheio. Podem dizer que estou a ser demasiado moralista, que seja. Mas sentimentos são para serem levados a sério, e se há coisa que me irrita profundamente é a falta de consideração pela condição do ser humano, seja a que nível for das pessoas, quando se faz nascer um sentimento (e não estou a falar apenas de amor) em alguém não se deve brincar com as palavras levianamente, porque um dia retornam viradas contra nós, podem acreditar. E pode ser da pior forma. Claro que não sabemos até que ponto podemos ou não ser compatíveis com determinada pessoa até a conhecermos, é verdade. Mas então, devemos ter uma certa cautela com as palavras que usamos, porque elas têm a força de um vulcão, capaz de arrancar a crostra mais dura que existe no ser humano, deixando assim, uma alma em carne viva.

Politiquices

É impressionante a capacidade do povo português para gostar de ser enganado.

Podem até achar que me estou a fazer de superior, mas não. Gosto de olhar para os dois lados da moeda,  e a verdade é que as sondagens continuam a dar o poder a alguém que está farto de demonstrar por A mais B que não tem capacidade para levar o barco adiante, embora até lhe devesse servir de castigo, e sentir na pele o quanto já arrebentou com as costuras da economia, e chafurdar na lama a que nos conduziu. Mas o que realmente me deixa estupefacta é continuar a ouvir as pessoas a dizer que ele teve coragem de fazer o que muitos não tiveram, aí talvez tenham razão, ele teve coragem de ser um Berlusconi à portuguesa, roubar todos roubam, mas com tão pouca vergonha na cara, e com a permissão e autorização do povo não. Aí tenho de dar a mão à palmatória, esse senhor sabe falar, no minha humilde opinião até seria capaz de vender a mãe ao diabo e ganhar com isso, apesar de neste momento o discurso já comece a entrar num ritmo um pouco repetitivo de queixume e vitimização dele próprio, mas com ares de superioridade.  Com tudo isso, e aproveitando-se do espírito de vitima e inércia que nos caracteriza ultrapassou todos os limites do bom senso e instalou-se no palanque mais alto e olha para nós como um pavão inchado, com ar de quem, se me derem hipótese, eu ainda sou capaz de vos levar para um buraco mais fundo, querem ver? Votem em mim. Bem, em jeito irónico, bem podiam dar-lhe uma medalha de bom comportamento, afinal não existe nenhum crime que alguém consiga até hoje provar de que ele realmente é culpado, mas como se costuma dizer, onde há fumo há fogo... eu não arriscaria as minhas mãozinhas nessa fogueira, de certeza que apanhava queimaduras de terceiro grau, e depois com o sistema enfraquecido como anda, ainda teria de ir ao vizinho do lado pedir um curativo. Mas voltando um pouco atrás, e extravasando um pouco para além das politiquices, as pessoas não gostam da verdade nua e crua, preferem meias verdades, ou doces mentiras, magoam menos, embora depois doam mais fundo e façam mais estragos.

Abram os olhos duma vez por todas!...

19 de maio de 2011

Sobreviver... ou viver!

Muitas vezes sobrevivemos mais do que vivemos. Passamos a vida em busca de algo que nem sabemos muito bem o que é, mas buscamos, sabemos que buscamos, temos mais ou menos definido cá dentro o que nos provoca o riso ou as lágrimas, levando-nos a fugir das lágrimas e a agarrarmos-nos ao que nos enche o olho e a alma. Caminhamos por este ou aquele caminho, talvez porque já esteja traçado ou não, a verdade, é que muitas vezes nem sabemos bem porque o fazemos, mas sentimos que por ali é o caminho. E tantas vezes escolhemos inconscientemente algo, sem sabermos muito bem no que resultará. Podem dizer, eu sei muito bem o que quero. Será mesmo?!... Será que sabemos, para além do alimento do corpo, seja ele, sólido ou não, será que sabemos exactamente o que queremos? Tantas vezes ouço, eu gostava de ter uma vida diferente! Eu tenho uma vida vazia, sem gosto... e o que fazemos verdadeiramente para mudar? Muitas vezes nada, passamos a vida quase toda a lamentarmos-nos do que não temos e nem olhamos para o que está na nossa mão, e quando damos conta só o valorizamos quando também o perdemos. E eu não sou diferente, não me excluo desse "pecado", já passei períodos em que me queixava de tudo o que tinha e do que não tinha, mas como isso de nada me adiantou, melhor mesmo passar adiante, e tentar viver para além de todos os traumas que a vida nos deixa marcados na pele, cicatrizes que parecem solidariamente abrir juntamente com as novas que ganhamos a cada nova queda. E quanto a isso, cada um tem as suas, e nesta vida não vale comparar. Cada um vai sempre achar que as suas são mais profundas e doridas que a dos vizinho do lado. Natural que assim seja, as do vizinho não doiem em mim... mas no meio disto tudo o mais importante é dar mais um passo em frente, acreditando que cada dia é sempre melhor que o outro, vivendo cada dia como sendo o último!... Eu pelo menos vou tentando, com esforço, e um dia o esforço será menor para viver cada dia, aproveitando ao máximo! Porque não nascemos prontos, nem somos receitas prontas a ser confeccionadas, temos de nos reconstruir tantas vezes quantas as necessárias, e nisso posso sentir orgulho, reconstruir já é para mim como o ar que respiro. Da vida espero apenas continuar cá pelo máximo de anos possíveis, o resto constrói-se, vivendo!...

Palavras!

Palavras...

Soltas, viajantes, navegantes do meu pensamento desde o momento em que me levanto até ao momento de fechar os olhos para dormir. Enchemos o mundo de palavras, ditas, escutadas, com conteúdo, vazias, com sentido ou sem ele... são engordadas ou emagrecidas ao gosto e prazer de cada um, sempre apenas e só para satisfazer o Ego amorfo escondido dentro de cada um de nós. Dizem não, eu sou verdadeiro quando falo, sincero quando digo as coisas, seremos todos, cada um à sua maneira mais inchada ou não, da forma como olha para o seu umbigo, que cresce ou diminuiu ao sabor dos desejos intrínsecos da sua alma, mesmo que nem se apercebam disso. Mas isso é puro egoísmo! Pois é! E ninguém gosta que nos chamem de egoístas, mas somos apesar de tudo de bom que possamos ter guardado cá no fundo, no mais recôndito canto do obscuro de que somos também compostos. Todos nós nos aproximamos dos outros na busca de alguma coisa, nem que seja a mendigar uma palavra de consolo.

Palavras, portanto, o que servirei de bandeja a quem as quiser engolir, ou não...