2 de março de 2012

Nas sombras da noite...

Dás-me as mão sem a ver, apenas sinto levemente o aperto que o teu calor deixa espalhado pelo corpo.  Arrepios na pele, devaneios em noites de insónias, aquelas que nos aglutinam o pensamento e nos asfixiam a respiração... um twist intenso de esgotamento total da energia que me circula nas veias. E a lua que não veio! Assalto trocado em passos dançantes, e casas assombradas pelo breu da noite ensandecida pela imaginação fértil de uma mente que descansa de olhos abertos. Rugidos, e mistérios caminhantes da noite, que lentamente se vão escondendo dos raios de luz que brevemente irá nascer. Queimam-me as entranhas, de intrincados trocadilhos que a vida me permite fazer, numa roda gigante, de leves cores entrelaçadas em constelações plantadas no centro do mundo. O meu, apenas e só!... Se corro, pareço parada, e se paro, sou quase atropelada, a vida não permite devaneios, os tantos que muitas vezes me alucinam de felicidade, fugazes como a aragem de verão que retorna apenas de ano a ano... Sentada na beira da madrugada trago em goles brejeiros um chá de maça canela, adoçado com o mel da vida, aquela que às vezes parece esgotada de tanto que lhe exijo intensidade... morrem-me nas mãos as dúvidas e incertezas do futuro já traçado, mas que sempre me transcende antes de acontecer, num rasgo de insólita premunição, onde as partículas químicas da insolvência do enlace se dissolvem lentamente com o nascer do sol... Caminho de novo em direcção ao repouso nocturno, aquele onde as almas adormecem e se esquecem de existir, onde as bocas não falam nem os olhares são trocados, apenas abraçados pelo silêncio de mais uma noite, fantasma andante nas sombras da minha casa...

8 comentários:

rui disse...

Oi Moi......... o texto da-me uma sensação de uma noite fria..onde por muitos cobertores que nos cobram ..falta sempre algo que nos aqueça
e desejo de amor de um amor serio que nos cobra de carinho de paixão e que nos leve não a sonhar mas a realizar

Talvez nao fosse ao encontro deste texto..mas escrevi isto..

resto de fim de semana feliz

um beijo
Rui

Moi disse...

Há uma mistura de sentimentos quando no meio da noite se vagueia pela casa com uma insónia... este texto não é mais que a mistura disso mesmo, e desejo de uma amor existe em qualquer hora, quando não se tem...


Obrigado pelo carinho das tuas palavras!


Beijinhos

Libertya... disse...

Inónias que nos inundam a mente de tudo... Saudade, desejo, solidão, sofreguidão, de tudo.

Beijo calmo, e aromatizado.

Moi disse...

Libertya,
Leste-me na perfeição... quando algo não me deixa fechar a porta à vida para o repouso nocturno, sou invadida por todos os sentires possíveis, de tudo o que me faz ser, de tudo o que me faz vida!





Beijos :D

A Palavra Mágica disse...

Moi,

A noite carrega mistérios e desejos e, por vezes, assombra. Isso é o que pensamos dela, mas o que será que essa mesma noite pensa, quando vê pessoas como nós, vagando pela casa ou virando na cama, olhos abertos,às vezes uma lágrima e quase sempre um silêncio enlouquecedor?

Beijos!
Alcides

Anónimo disse...

Em primeiro lugar parabéns pela construção do texto. Na forma, no estilo, no conteúdo, no acidente, no ritmo,...admirei!

Falar da dor da inquietude, incompletude, da alma sofrida que busca... é sempre perturbante. Curiosamente, verifico, quem a sofre e matura, ganha uma profundidade e intensidade de alma, espírito, sentimentos e sentidos que se transforma numa força da natureza!

Podes estar nesse voo!

Bjs

Moi disse...

Alcides,
A noite a mim não me assombra, jamais... e e as sombras caminhantes pela casa são uma realidade desde que me conheço. O silêncio muitas vezes é enlouquecedor, sim, e muitas vezes rola uma lágrima... mas noite passeia silenciosa na sua calma.





Muito bom te ver por aqui!

Beijos para o outro lado do oceano
:D

Moi disse...

Litus,
Obrigado pelo elogio à minha escrito, que é muito minha, adoro jogar com as palavras ao meu gosto e sabor.

Intensidade em mim é uma constante seja no extremo de qualquer emoção, não valeria a pena viver se assim não fosse!




Beijos